Maguy Marin, David Mambouch & Benjamin Lebreton (França)

Singspiele

MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL 
13 e 14 de Maio às 21h30 (Sexta e Sábado)
Estreia Nacional

Concepção: Maguy Marin Intérprete: David Mambouch Cenografia: Benjamin Lebreton Direcção de cena: Rodolphe Martin Desenho de luz: Alex Bénéteaud Universo sonoro: David Mambouch Som: Antoine Garry Assistente de figurinos: Nelly Geyres Fotografias: B. Lebreton, S. Rouaud Produção executiva: extrapole. Espectáculo criado no Théâtre Garonne (Toulouse), 28 de Fevereiro e 1 de Março de 2014 Co-produções: Théâtre Garonne (Toulouse, França), Daejeon Arts Center (Daejeon, Coreia), Latitudes prod (Lille, França), Marseille Objectif danse, Compagnie Maguy Marin (Toulouse, França), Ad Hoc (Lyon, França), extrapole (Paris, França) Agradecimentos: Mix’ art Myrys e L’Usine, Tournefeuille (Toulouse, França) Apoio à apresentação: Institut Français du Portugal Técnica: Dança e objectos Idioma: Sem palavras Público-alvo: +12 Duração: 60 min.
Apresentação no âmbito da rede House on Fire, com o apoio do Programa Cultura da União Europeia


Maguy Marin é uma das mais importantes coreógrafas europeias e tem sido uma figura central da dança-teatro francês há mais de três décadas. Para Maguy Marin a dança é uma ferramenta para explorar tudo o que é humano, ignorando muitas vezes as regras estabelecidas pela dança. Nos últimos anos criou várias obras-primas, como Umwelt e Salve, e ainda continua em digressão com May B, de 1981.

Em Singspiele, uma das suas últimas criações, volta a surpreender com este trabalho absolutamente invulgar, inspirado numa citação do escritor Robert Antelme, conhecido pelo seu retrato do campo de concentração de Dachau, sobre a necessidade que os seres humanos têm de serem reconhecidos como únicos: "A história de cada pessoa desenrola-se pela necessidade de ser reconhecida e reconhecida sem reservas (...).”

Marin criou uma peça sobre rostos anónimos e conhecidos. Que sensações despertam em nós o encontro com o outro? Há mistérios por trás de cada rosto, e estes esmagam-nos com as suas expressões e testemunham o invisível em cada indivíduo.

Singspiele é uma pequena forma para um bailarino-actor que trabalha a máscara. Maguy Marin em estreita colaboração com David Mambouch imaginou um dispositivo que permite trocar de rosto. David desfila um grande número de rostos sobre o seu corpo em metamorfoses constantes: cada máscara desencadeia uma determinada gestualidade, posturas diferentes, ligadas essencialmente ao rosto que aparece.



Sozinho em palco, David muda de identidade, transforma o seu rosto, na forma de um flip-book figurativo, assumindo os rostos de uma multidão de pessoas, alguns famosos, na sua maioria, muitas vezes reais, por vezes artificiais, de todos os sexos e géneros, de todas as cores de pele, de todas as origens sociais, de todas as épocas. Rostos belos, marcados, pensativos, inquietos, assustados, engraçados, sorridentes, concentrados. Passa de velho a jovem, de atleta a filósofo, de desconhecido a figura emblemática. Um corpo simultaneamente pesado e leve, masculino-feminino, infantil e adulto, que por vezes nos lembra certas posturas do noh, do kabuki ou do butoh.


Maguy Marin detém o ritmo do espectáculo entre coreografia, teatro e quadro vivo. “Há o desejo de afirmar que estes rostos conhecidos e desconhecidos têm um denominador comum, que é o de pertencer à mesma espécie. A espécie humana”.

Sem uma única palavra, apenas o pequeno murmúrio da vida que passa, Singspiele é um retrato da humanidade, uma reflexão sobre a identidade, a singularidade e a universalidade.

“Sempre sob o mesmo ritmo (...), embora envolto em suspense, este desfile suscita um conjunto de imagens sobre o ser humano. Que confidências se espelham num rosto? Que credibilidade têm os seus traços? A roupa é um espelho de si ou uma ilusão? Um guarda-roupa pressupõe por si próprio atitudes particulares?” - Rosita Boisseau, Le Monde

“Quem é que não sonhou em ser capaz de fruir o mundo através da experiência do outro? Em Singspiele um homem muda frequentemente de identidade, de desconhecido a celebridade, de actriz a estátua romana, de camponês a uma jovem rapariga... Num ritmo pulsante, que nos transporta para um ritual perturbador.” - Thomas Hahn, Artistik Rezo

“Sempre de frente para o público, o actor usa o corpo para o nosso espanto, numa metamorfose incessante que parece não ter fim. Mais do que retratos anónimos que muitos fotógrafos da moda expuseram na rua ou em galerias de paredes brancas, este conjunto de retratos toca-nos, porque é encarnado e ocupa o espaço. Conta-nos histórias ínfimas através de sensações, que nos provocam uma empatia universal.” - Quentin Guisgand, Inferno La Redaction

BIO
Maguy Marin  A bailarina e coreógrafa Maguy Marin nasceu em Toulouse em 1951. Estudou dança clássica no Conservatório de Toulouse. Entrou para o Ballet de Strasbourg e, mais tarde, mudou-se para Bruxelas, prosseguindo os seus estudos na Mudra, a escola de Maurice Béjart. Em 1978 cria com Daniel Ambash o Ballet-Théâtre de l'Arche, que viria a tornar-se a Compagnie Maguy Marin em 1984. Em 1985 seguiu-se o Centre Chorégraphique National de Créteil et du Val-de-Marne, onde desenvolveu intensamente a sua obra artística e uma intensa difusão pelo mundo. Em 1987, o encontro de Marin com o músico-compositor Denis Mariotte foi o ponto de partida de uma parceria decisiva, que alargou o âmbito da experimentação inicial.
Em 1998 estabeleceu-se no novo Centro Coreográfico Nacional, em Rillieux-la-Pape: um espaço como “nós, no tempo e espaço, para fortalecer a capacidade de promover essas forças diagonais resistindo ao esquecimento” (H. Arendt).
O ano de 2011 foi marcado pela restruturação, pela análise das condições em que se efectuava o trabalho da companhia. Após a intensidade dos anos passados em Rillieux-la-Pape, e três anos passados em Toulouse, a companhia decidiu instalar-se em Sainte-Foy-lès-Lyon, numa antiga carpintaria adquirida em 1995, através dos direitos de autor, onde a companhia irá desenvolver um novo projecto ambicioso: RAMDAM, um centro de arte.

David Mambouch fez parte da companhia permanente de actores do TNP de Villeurbanne até 2010, onde participou em numerosas encenações de Christian Schiaretti. Actuou em “Mère & Fils” de Joël Jouanneau, com encenação de Michel Raskine. Como encenador, dirigiu o projecto “Harold Pinter Club” e “L’Oracle de Saint-Foix”. Escreveu e dirigiu diversas peças no Théâtre Les Ateliers (Lyon), incluindo “Kaveh Kanes”, “Terrible et Noires Pensées” e “Mains Fermes”. A sua peça “Premières Armes” foi encenada por Olivier Borle no TNP de Villeurbanne. David também escreve argumentos e dirigiu várias curtas-metragens, destacando-se “La Grande Cause”, uma série de filmes co-realizados com Oliver Borle. Foi actor no filme “La Maison de Nina” (2004). Colabora com a Compagnie Maguy Marin, tanto como realizador, no filme “Nocturnes”, mas também como intérprete, nas peças “May B” e “Umwelt”. Em 2015 criou e dirigiu um novo espectáculo, “Juan”, que estreou no TNP de Villeurbanne.

Benjamin Lebreton  Após os seus estudos em Arquitectura Paisagista em Paris, formou-se em Cenografia na ENSATT - École Nationale Supérieure des Arts et Techniques du Théâtre. Desde 2005, tem desenvolvido o seu trabalho como cenógrafo em vários espectáculos em França e no estrangeiro, destacando-se a sua longa colaboração com o coreógrafo francês Mourad Merzouki. Em 2013 começou a trabalhar em novos projectos com Maguy Marin. Em teatro tem concebido a cenografia para espectáculos de Phillipe Awat, Catherine Hargrave, Thomas Poulard, David Mambouch, Les Transformateurs e Valerie Marinèse. Na Alemanha colaborou com a companhia Scènes na criação de “Sonho de uma Noite de Verão”, de W. Shakespeare, no StaatTheater Wiesbaden. Paralelamente, trabalha como designer gráfico para diversos eventos culturais e companhias.


SINGSPIELE - Trailer from extrapole on Vimeo.