Máscaras (Portugal)

CINEMATECA PORTUGUESA - MUSEU DO CINEMA
Sala M. Félix Ribeiro
16 de Maio às 21h30 (Segunda)

Documentário, 110m, 1976 
Realização e montagem: Noémia Delgado Fotografia: Acácio de Almeida, José Reynes Som: Philippe Costantini Locução: Alexandre O'Neill Consultor musical: Luís Madeira Música: “Canção de Verónica”, gravação de Michel Giacometti Arranjos musicais: Luís Represas, João Represas Supervisão de texto: Ernesto Veiga de Oliveira, Benjamim Pereira Assistentes: Henrique Paula Nogueira, Raymond Frémont, Carlos Mena Produção: Centro Português de Cinema Apoio financeiro: Instituto Português de Cinema Cópia: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, 16mm, cor Idioma: Português
Co-apresentação: Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, FIMFA Lx16 e São Luiz Teatro Municipal

Sessão apresentada por Luísa Soares de Oliveira


Uma homenagem à realizadora Noémia Delgado (1933-2016), recentemente falecida, ligada à geração do Cinema Novo português e autora deste documentário etnográfico pioneiro sobre os caretos tradicionais de Trás-os-Montes.

Noémia Delgado rodou “Máscaras” entre o Natal de 1974 e a quarta-feira de cinzas de 1975 em Varge, Grijó da Parada, Bemposta, Pondence, Rio de Onor e Bragança. Centrando-se nos caretos tradicionais de Trás-os-Montes, o filme regista os rituais seculares do “Ciclo de inverno”, associados ao solstício e à iniciação à idade adulta. Ao registar um conjunto de tradições, cujo significado e rigor na representação se estavam a diluir progressivamente no tempo, reencenando mesmo algumas delas, Noémia Delgado fará muito pela recuperação e revitalização dessas mesmas tradições das “terras de feição ainda arcaizante do Nordeste Trasmontano”, como introduz a voz de Alexandre O’Neill.












Máscaras é a primeira longa-metragem de Noémia Delgado, cineasta que começou a trabalhar como anotadora, montadora e assistente de outros realizadores como António da Cunha Telles, Paulo Rocha e Manoel de Oliveira, mas Máscaras não é o seu primeiro filme, pois Noémia Delgado já se havia estreado na curta-metragem. Todavia Máscaras é, sem dúvida, o seu mais belo filme. Ao registar um conjunto de tradições cujo significado e rigor na representação se estavam a diluir progressivamente no tempo em virtude de factores como a cada vez maior escassez das máscaras e de trajes (o que limitava as comemorações), mas também o fenómeno da emigração, que levava os homens mais jovens a abandonar as aldeias, deixando para trás os idosos, as mulheres e as crianças, sendo estes rituais profundamente masculinos (...).
Entre o propósito da cientificidade, traduzido pela presença de dois antropólogos como consultores, e a aposta na recriação, Máscaras aponta para os pressupostos de um cinema não inocente, que transforma positivamente o que filma.”
- Joana Ascensão, Folha da Cinemateca Portuguesa

*Luísa Soares de Oliveira
É crítica de arte no jornal Público e docente universitária. Completou o doutoramento na Universidad Politécnica de Valencia (Espanha) com uma tese sobre cinema e modernismo na obra de Manoel de Oliveira. É também conferencista, curadora de exposições e investigadora no núcleo de Fotografia e Cinema do Instituto de História da Arte (FCSH - UNL).